No dia 11 de Julho de 2012, decorreu neste
CNO o Júri de Certificação, de nível secundário, dos adultos António Mariquito,
Nuno Macedo, Dionísia Silva e Manuel Franco. Após vários meses de trabalho com
a equipa do CNO, estes adultos elaboraram o seu Portefólio Reflexivo de Aprendizagens,
onde mostraram os conhecimentos e experiências desenvolvidos ao longo da vida.
Seguem-se as reflexões destes adultos,
referentes à conclusão do processo de reconhecimento e certificação de
competências.
“A conclusão do 12º ano é uma mais-valia para
mim a três níveis: no primeiro, permite-me ter uma maior qualificação no acesso
a futuras propostas de trabalho; num segundo nível, permite-me dar formação de
nível secundário, na área de carpintaria e marcenaria; por fim, num terceiro
nível, é uma questão de valorização pessoal e autoestima. Consegui atingir mais
uma meta da minha vida, mas não foi fácil conciliar a escola com o Centro de
Formação e com o meu trabalho de carpinteiro.
Acho que este processo de
reconhecimento de competências foi muito bom para mim, para além de reconhecer
o que aprendi ao longo da minha vida, também aprendi novas coisas e melhorei
noutras áreas, como por exemplo na expressão escrita e nas competências de
informática, onde adquiri um maior domínio da internet; e também realço as
aprendizagens que fiz em formação complementar nas áreas de CLC, núcleo gerador
de TIC e STC, no núcleo gerador de saberes fundamentais.”
António Mariquito
“Em jeito de conclusão,
posso dizer que encarei com algumas reservas o princípio de todo o processo,
uma vez que era para mim completamente desconhecido e não sabia bem o que ia
encontrar, mas com o passar das sessões e com a apresentação dos primeiros
trabalhos, vi que as minhas reservas eram infundadas, uma vez que todo o
processo foi bastante interessante e motivador. (…)
O facto de voltar à
escola tornou possível reviver tempos passados, que de outra maneira seria
impossível reviver. Espero que a sua conclusão me traga algumas vantagens a
nível profissional, uma vez que estou desempregado e a mandar currículos. O
facto de poder concluir o nível secundário pode fazer com que possa concorrer a
ofertas de emprego em que seja obrigatório o 12.º ano, o que neste momento pode
fazer toda a diferença.
Já a nível pessoal, fica
a aprendizagem que fui adquirindo ao longo do processo e dos diferentes tipos
de trabalhos que ia realizando e que, de uma maneira geral, foram sempre sobre
temas que obrigavam a constantes pesquisas, o que acaba por ser aliciante em
termos de cultura geral e, nalguns casos, nos obriga a refletir em termos de
valores, como foi o caso do tema relacionado com o preconceito. Através da
pesquisa e reflexão sobre determinado tema, acaba por ficar algum tipo de
aprendizagem, que de outra maneira não seria possível acontecer. As
dificuldades sentidas em algumas questões acabaram por ser suplantadas, por
vezes com a ajuda dos formadores, que depois de lido o primeiro trabalho
acabavam sempre por dar alguns tópicos que acabavam por nos orientar no caminho
certo, o que fazia com que as dificuldades iniciais deixassem de existir.
Por último, gostaria de
referir que foi um processo que acabou por ser tornar aliciante e que gostei
bastante de ter participado no mesmo.”
Nuno Macedo
"Ao concluir este
trabalho reconheço que a minha vida não tem sido apenas uma passagem sem
sentido. (…)
Este trabalho obrigou-me
a fazer uma retrospetiva da minha vida, recordando os passos que dei, uns mais
longos que outros, e que, em meu entender, foram muito positivos. Fiquei mais
desperta para o desastre ecológico que estamos a viver. Vou tentar fazer alguma
coisa para não deixar essa herança para os nossos jovens; o que mais gostava
era de ser capaz de sensibilizar também as outras pessoas, porque tem que ser
um trabalho global e transversal.
Também fui obrigada a
desenvolver alguns conhecimentos na parte da informática, como por exemplo,
digitalizar imagens, o que me deixa mais autónoma.
O fazer este trabalho
foi uma maneira de me dar a conhecer a mim própria.
Termino, deixando um
apelo: primeiro a mim própria, para continuar a estudar; e aos que ainda estão
acomodados no seu canto, à espera que o tempo passe, invistam em si próprios e
darão o tempo despendido por bem empregue."
Dionísia
Silva
“Acho que o processo RVCC foi das melhores
coisas que me aconteceram nesta fase da minha vida. Fez-me recordar coisas que
nunca pensei vir a recordar e fez-me terminar aquilo que ficou pendente lá
atrás.
Já trouxe benefícios à minha vida,
principalmente ao nível do domínio do computador, que já utilizo com
facilidade. Em termos profissionais também me garante mais estabilidade, visto
que foram os meus patrões que me incentivaram a fazer este processo e adquirir
maiores habilitações literárias.”
Manuel Franco